Eu já disse aqui
antes que gosto de filmes sobre
consciência (formas de cognição). Pois é, acabo de assistir "
Eu, robô" ("I, robot", 2004, 20th Century Fox) no Telecine ("Isto não é cinema" - eu, pelo menos, nunca fui a um cinema que coloca anúncios antes dos créditos finais dos filmes) e este é um desses filmes. O
visual do filme
não me
agradou muito (é apenas uma questão de gosto) e aborda um tema já muito manjado - revolução das máquinas. Entretanto, aborda esse tema de uma maneira diferente. Ele traz esse tema para uma realidade mais
plausível (embora ainda muito distante) e nos coloca um questionamento (é, eu me amarro em questionamento) muito
pertinente nos dias atuais.
Será que não
confiamos demais em máquinas? Eu mesmo já introduzi o assunto aqui no
Peixe, em
Liberdade e tecnologia Parte 2. Por que somos obrigados a
acreditar que o radar de velocidade instalado nas ruas realmente sabe com que velocidade eu dirigia? Por que devemos
confiar no que o monitor do caixa eletrônico nos diz? Por que o sistema de cobrança informatizado da TIM conta
certinho as ligações que faço? E isso acontece também no nosso dia-a-dia: televisões com sintonia
automática, máquinas fotográficas com ajuste
automático de foco e iluminação, aparelhos de som automotivo com controle
automático de volume, e por aí vai. A situação está de um jeito que boa parte dos aparelhos eletrônicos nem nos dão mais a
opção de fazer ajustes
manuais. Radar de velocidade precisa de
calibração, cobrança informatizada sofre
interferências, sintonia automática nem sabe se eu
quero assistir a um programa mesmo com
sinal fraco. Todos eles são passíveis de
falha. Isso sem entrar no mérito de que eles foram feitos e são mantidos por pessoas que
não conhecemos e cujas
intenções ignoramos. Eu sou meio como o Detetive Spooner (Will Smith) do filme. Acho que em 2035, mesmo com toda tecnologia, ainda vou apertar o botão do meu JVC para ouvir um CD e ajustar a equalização do som com meus próprios dedos e ouvidos. Não tenho porquê
delegar essa tarefa a ninguém.
Escrevi um bocado e não falei quase
nada do filme. E daí?
Não sou crítico de cinema. Acho apenas que o filme é divertido, tem ação e investigação e me passou essa mensagem (entre outras). E é uma mensagem
importante. Existem muitas pessoas que são muito deslumbradas com a tecnologia. Acham o computador uma máquina fantástica. O computador é realmente uma máquina fantástica, faz coisas que nem imaginávamos que podiam ser feitas e por isso mesmo não podemos confiar nele.