Eu gosto de viajar pela
1001, porque eu sempre assisto
bons filmezinhos durante a viagem. Nessa última viagem assisti "O Show de Truman - O show da vida" (The Truman Show,
Paramount Pictures, 1998). O filme conta a história de Truman Burbank (Jim Carrey), cuja vida é
transmitida pela
televisão desde o momento em que nasceu. Todas as pessoas que conhece, incluindo amigos, parentes e esposa, são atores, toda a cidade onde vive é um cenário. É uma espécie de Big Brother ao
extremo.
O enredo é muito
pouco plausível, mas o filme é
muito bom. Eu tenho dois motivos para gostar do filme. Um é que quando eu era criança eu
brincava que tinha um rede de televisão. Meus olhos eram a câmera, os filmes que eu via eram os filmes que passavam na
MVTV (o canal tinha até nome), as brincadeiras com bonecos eram produções independentes da tv, e por aí vai. A MVTV foi deixando de existir aos poucos. Quando lançaram O Show de Truman no cinema, bateu aquela nostalgia. Existem grandes diferenças (em o Show de Truman, o personagem principal não sabe que é vigiado, na MVTV era eu quem fazia a programação), mas não pude evitar de
lembrar.
O outro motivo é que o filme trata de um assunto que me interessa bastante:
consciência. Não a consciência do diabinho e do anjinho dizendo o que se deve ou não ser feito, mas a consciência enquanto fenômeno
psico-neurológico de entendimento do mundo, a
forma de se ver e
entender o mundo. Existem diversos filmes que, se não tratam diretamente sobre o assunto, nos faz pensar a respeito: Inteligência Artificial, Minority Report, Matrix, Os outros, Robocop, etc. O Show de Truman faz isso de maneira diferente e
divertida. Podem dizer que o filme trata da intromissão cada vez maior da mídia na vida particular das pessoas, mas a história nos propõe um questionamento: "E se tudo o que vemos e vivenciamos for
falso?" Assista o filme e tente
se colocar no lugar de Truman. De repente o seu mundo
não existe, pelo menos não da forma como você estava acostumado a vê-lo. Nos faz lembrar que o nosso mundo está dentro de nossas mentes e que, embora fisicamente ele seja
um só, ele é
diferente para cada pessoa.