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15 de dezembro de 2007
A arte de calar
A arte de calar
Arte_de_calarDepois de uma pausa de mais de um mês, o Peixe está de volta! Dei uma pausa no Peixe na rede, porque percebi que eu estava ficando amargo e amargurado com os recorrentes temas políticos e do dia a dia. Estava falando demais, reclamando, denunciando e para que? Ora, quando do ocorrido dos ataques terroristas em Brasília, lembro ter ouvido o Ricardo Boechat anunciando o fato na Band News Fluminense FM e acrescentando que não faria mais nenhum comentário, pois nada que ele pudesse dizer no ar teria poder pra mudar alguma coisa. Realmente... Os brasileiros se enganam quando acham que mandar cartas para o jornal pode mudar a realidade do Brasil.

O brasileiro se sente reconfortado ouvindo o William Bonner fazer alguma denúncia no Jornal Nacional, se sente vingado ouvindo os comentários do Arnaldo Jabor no Jornal da Globo, mas isso não adianta... Escrever blogs, reclamar da vida, rir das piadas do Casseta & Planeta não muda nada. E de tanto falarem, de tanto lamentarem, de tanto... acaba que as palavras se tornam cada vez mais vazias, e cada vez menos as pessoas são ouvidas. Foi aí que lembrei de um livro que li há uns anos: A arte de calar, do Abade Dinouart (2001, Martins Fontes).

Nesse livro, escrito em 1771, o autor demonstra como as pessoas se perdem, se traem e até se frustram por falar mais do que devia. Quem me conhece pessoalmente sabe que sou uma pessoa de poucas palavras, mas quando escrevo tendo a ser prolixo. Analisando os últimos artigos do Peixe decidi observar o segundo princípio necessário para calar apresentado no primeiro capítulo do livro: "Há um tempo de calar, assim como há um tempo de falar." Parei e pensei, o que me levou ao segundo capítulo da segunda parte do livro: "Escreve-se demais" Nesse capítulo, o autor discorre sobre os pecados do excesso, tais como "escreve-se coisas inúteis" e "escreve-se sobre temas que devem ser evitados quando não se tem a missão de falar sobre eles, ainda que se tenha o talento necessário".

O fato é que esse livro, embora tenha sido escrito há mais de dois séculos, é bastante atual. À época em que foi escrito a preocupação do autor era com os novos escritores que surgiam aos montes com a popularização da imprensa. Pensava-se que qualquer um podia escrever sobre o que quisesse, pois a tecnologia estava ao alcance de todos. Para virar escritor bastava saber (mesmo que precariamente) e querer escrever. Atualmente, acontece exatamente o mesmo com a popularização da Internet e o advento dos blogs. Como conseqüência, temos uma desvalorização da palavra, da linguagem e dos temas.

Voltei para o primeiro capítulo e quero cumprir o primeiro princípio para calar: "Só se deve deixar de calar quando se tem algo a dizer que valha mais que o silêncio" (diga-se de passagem que se trata de um ensinamento do budha Siddhartha Gautama). Portanto, pretendo evitar temas recorrentes como reclamar do Lula ou do Bush, falar mal de deputados e senadores ou dizer mais uma vez que o Rio de Janeiro é uma cidade horrível e abandonada.

Isso não significa que vou passar a concordar com tudo o que está acontecendo. Isso não significa que vou me alienar. Só pretendo não perder meu tempo com denúncias e lamentos vazios. Pretendo não ser apenas mais um. Não pretendo escrever para alimentar ainda mais essa situação de "'tá ruim, mas 'tá bom". A partir de agora se quer falar, ouvir, escrever ou ler sobre política ou sobre o que está errado por aí, entre em contato comigo em particular. Mas só o faça se estiver disposto a tomar uma atitude, não só discutir o assunto. P
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