Tenho algumas observações a fazer a respeito do último artigo publicado aqui no Peixe. Para começo de conversa, devo esclarecer que, apesar de não parecer, eu não sou mais um desses que acham que a realização dos jogos pan-americanos foi um erro, ou que não deveria acontecer. Acho sim que deveria acontecer. Minha única crítica é que deveria ter sido melhor organizado, e meu único receio é de que não possamos colher os frutos. Fora isso, é uma satisfação saber que apesar de tudo e de todos (todos, não, só os ocupantes dos cargos públicos e a parte ignorante da população) a sociedade ainda é capaz de organizar um evento desse porte. Isto posto, vamos às observações item por item, pois muitos podem ter achado que fui um pouco rigoroso nas críticas, mas, sinceramente, eu acho que fui pouco rigoroso.

Espírito de comunidade e o lixo nas ruas: Citei como exemplo de falta de civilidade (e portanto, falta de espírito de comunidade) lixo jogado pela janela de ônibus e carros (simbolizado pela bala de papel), mas poderia falar de fumantes em ônibus e em lugares públicos, vizinhos barulhentos (que acham que têm o melhor gosto musical do mundo), motoristas que avançam sinais, etc. No Rio de Janeiro, é cada um por si. Eu não me sinto inserido em uma comunidade.

Buracos nas ruas: Os buracos nas ruas do Rio são um problema crônico. Ainda não sei se o pior é a mão-de-obra desqualificada, o material de pouca qualidade empregado ou as duas coisas. O fato é que tenho reparado que o problema atualmente nem tem sido os buracos, mas os remendos. Tem alguns que são verdadeiros quebra-molas.

Guardas de tocaia: Acho que isso é um mal não só no Rio. A situação é tão absurda que a arrecadação de multas já fez parte do planejamento orçamentário do estado e guardas tinham que cumprir metas de multa. Hoje, ao invés de os guardas serem treinados para ajudar a organizar o trânsito, parecem ser instruídos a multar simplesmente (como se isso educasse alguém). Mas o pior é que agora a onda é gastar o dinheiro público instalando radares tipo quebra-molas eletrônico, ou seja, com limites baixíssimos de velocidade, em locais estratégicos – atrás de árvores, logo após curvas, etc. Ao invés de gastar o dinheiro melhorando (instalando) a sinalização preferem penalizar a população por uma falha deles próprios. Para a prefeitura é melhor remediar do que prevenir. Mas temos que admitir que os motoristas do Rio fazem por onde também, observa-se todo tipo de barbaridade no trânsito do Rio.

Servidores públicos: Os servidores públicos no Brasil já foram exemplo de ética, competência e dedicação. Isso deve fazer uns 50 anos... Hoje o que se vê são pessoas entrando em cursos para fazer provas de concursos públicos (não importando em que área de atuação) como se estivessem concorrendo na mega-sena. O prêmio é um emprego em que se ganha um salário acima da média nacional, em que não se têm responsabilidade, e principalmente em que não há a necessidade de se demonstrar habilidades, pois não há cobrança alguma. Além disso, pode-se fazer greves (o que na cabeça deles significa ficar "coçando" em casa) a qualquer momento sem se expor a qualquer risco. E eles fazem questão de exercer cada um desses "direitos". A situação está tão escandalosa que o presidente Lula já está propondo novas leis para o serviço público. Reclamar de "político" é fácil, principalmente quando se age exatamente como eles (desperdiçando dinheiro público) e ninguém vê.