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16 de agosto de 2008
Orgulho nacional?
Orgulho nacional?


Foi realmente emocionante a premiação do campeão olímpico brasileiro César Cielo Filho. Foi um feito que poucos têm a capacidade de realizar. Mas o que faz ficar mais emocionante a comemoração do jovem é saber que ele fez aquilo sozinho. Se não sozinho, com a ajuda de amigos e familiares. Eu não posso me sentir orgulhoso pelo feito, pois sei que não colaborei em nada com aquilo.

Infelizmente, aquela foi uma vitória pessoal. Foi a recompensa por um esforço pessoal. César Cielo não tem por trás um planejamento governamental de incentivo e patrocínio ao esporte individual (nem ao esporte coletivo, diga-se de passagem) como têm, por exemplo, os chineses. César Cielo não tem por trás uma estrutura bem fundamentada por décadas de tradição como têm, por exemplo, norte-americanos e europeus. Muito mal César Cielo têm o apoio de organizações e empresas particulares. César Cielo conseguiu realizar essa conquista apenas com seu esforço, com sua dedicação, com o apoio dos familiares e amigos e com exílio.

Infelizmente, a sociedade brasileira não lhe deu as melhores condições para isso. A prova disso está no fato de mesmo com essa medalha de ouro, o Brasil ainda está atrás no quadro de medalhas de nações com condições econômicas, sociais e políticas muito inferiores ao Brasil. O Brasil ainda está atrás de países como Mongólia, Azerbaijão, Zimbábue, Cuba e Geórgia.

Com mais uma medalha de ouro, o Brasil vai passar todos esses países. Não por acaso, essa medalha é esperada em esportes coletivos. Não por acaso, porque bem ou mal esses esportes têm no Brasil uma mínima organização, uma mínima estrutura. Os esportes individuais no Brasil ainda dependem de esforços e conquistas pessoais. Certamente, alguém vai ponderar que temos problemas mais urgêntes a dedicar investimentos do que esporte. É verdade, mas as conquistas esportivas diagnosticam bem o grau de desenvolvimento de uma sociedade.

Falo de sociedade não só no sentido genérico da palavra, mas como parceria, como conjunto de pessoas com objetivos comuns. Nesse sentido, fica até difícil afirmar que somos uma sociedade. Certamente, César Cielo ao ouvir o Hino Nacional Brasileiro e ver a Bandeira Brasileira subir sentiu o que se convencionou chamar de "orgulho de ser brasileiro". Deve ter passado por sua mente as idéias, já clichê, de que "está dando alegria para esse povo tão sofrido" e que "sabe que todos estavam torcendo por ele". Mas esse mesmo povo é o povo que deveria formar uma sociedade que lhe desse condições de conquistar aquela medalha. E, na verdade, essa mesma sociedade, embora estivesse torcendo por ele em Pequim, o atrapalhou durante sua preparação. Tanto que ele foi se preparar em meio a outra sociedade. Ele tem de ter orgulho de ser ele mesmo, brasileiro ou não!

Esse cara é um herói (como outros medalhistas e alguns não-medalhistas antes dele), mas a emoção dele nos joga na cara a nossa falência enquanto sociedade. Quando ele voltar de Pequim, vai ao Palácio do Planalto receber condecorações e medalhas do presidente, mas eu garanto que esse mesmo presidente (que em última análise representa a nossa sociedade), nunca deu uma moeda de centavo para ele antes de ele ir para a China.

Parabéns César Cielo Filho! Força Brasil, para darmos a volta por cima e criarmos nosso heróis olímpicos e não esperar que eles se criem por si. P


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