Quem me conhece sabe que não me importo nem um pouco com essas datas marcadas para se ter esperança, para se sentir alegria, para se sentir tristeza. Por que tenho que sorrir no carnaval? Por que tenho que chorar em dia de finados? Por que tenho que rezar no Natal? Todo dia é dia para sorrir, para chorar, para rezar. Talvez, se as pessoas fossem mais naturais, não houvesse a necessidade de marcamos datas para lembrarmos de que precisamos sorrir, chorar e rezar. Ora, o dia 1º de janeiro é um dia para se comemorar como foi (e será) o dia 31 de dezembro ou o 25 de abril. Para mim, talvez não para você.
Quem me conhece também sabe que não gosto muito de poesia modernista (salvo alguns poucos exemplares). Estou me lixando se tem uma pedra no caminho sem métrica, sem rimas e, até que me provem o contrário, sem idéias. No modernismo, só me agradaram a atitude e a introdução de uma nova forma de pensar, fazer e introduzir (sem trocadilhos, por favor). Então, por que diabos eu coloquei uma mensagem de ano-novo aqui no Peixe e essa mensagem foi justamente um poema modernista?
Ontem, eu estava de bobeira, assistindo o
Fantástico – meu conceito de comemoração difere muito de pegar engarrafamento, enfrentar tumulto, ir para a praia à noite sob chuva para ver fogos de artifício (o que, diga-se de passagem, não aconteceu na praia da Barra para a qual eu iria caso resolvesse rever meus conceitos). No final do Fantástico, o ator Antônio Calloni
recitou o tal poema, que eu nunca tinha ouvido mais gordo. Gostei da mensagem – que representa bem o que disse nos primeiros parágrafos – e resolvi
postá-la aqui. Pelo menos, Carlos Drummond de Andrade, como eu, não acha que vestir camisa amarela, calça branca e cueca vermelha à meia-noite de um determinado dia vai me proporcionar mais dinheiro, paz e amor do que eu mesmo correr atrás disso todos os dias me proporcionaria.
P.S.: Se você, diferente mim, gosta de Carlos Drummond de Andrade, visite o site Jonal de Poesia. Na página dedicada a ele tem alguns poemas, críticas e versões em latim dos poemas (!!).