O tempo passa e ninguém o acompanha.
Sentado na janela o vejo seguir.
O tempo passa, mas ninguém tem a manha
de fazê-lo parar e voltar, não mais ir.
O tempo passa, mas não pede licença.
Ligeireza tão lenta não verei mais.
O tempo passa, segue em frente e não pensa,
pois quem pensa erra e assim fica prá trás.
O tempo passa e só se quiser volta,
mas jamais o vi voltar após passar.
O tempo passa e a preguiça não me solta.
O tempo passa e eu me contento em olhar.
O tempo passa como um trem infinito
que está sempre a seguir a mesma viagem.
O tempo passa como um trem pro infinito,
o trem que cobra a mais cara passagem.
10/01/1998.