O não ganhou, e agora? Nada?
O não ganhou, e agora? Nada?
O não ganhou. Parece que a maioria da população brasileira não quer ver seus direitos tosados pela simples emoção de alguns (ou por motivos piores que prefiro nem colocar em questão). Agora, o povo tem que
tomar cuidado com o que vem a seguir. Leia a carta de
Fernanda Montenegro - que, todos sabem, votou sim - publicada hoje na coluna de
Ancelmo Gois no Globo.
"Li na sua coluna que estão repudiando os nossos depoimentos (os dos artistas).Para os artistas ou não artistas, pelo Sim ou pelo Não, o voto é obrigatório. A opção tem que ser feita: a favor ou contra as armas. Este voto, repito, obrigatório, nesta altura dos acontecimentos, é, ele sim, a maior violência que se podia arquitetar para nos atazanar mais ainda neste momento inesquecível da nossa vida pública. Jogam sobre nós, brasileiros, mais esta rasteira politicamente memorável. A velha violência das metralhadoras, granadas, revólveres, bazucas, mísseis etc... etc... esta nenhum governo quer realmente encarar. Nem governo federal, nem estadual, nem municipal. A guerra civil está aí, o governo paralelo está aí, o imenso problema social está aí. E nos põem este dilema, a nós, artistas e não artistas. Bala com bala. Nem em cena eu me lembro de ter pegado numa arma, nem mesmo de brinquedo. Nem sei direito onde está o gatilho. Como artista, e com muita honra, voto Sim. Voto 2. O resto é um salve-se quem puder."Eu não tinha pensado nisso ainda, um outro motivo para a existência desse referendo. Só falta agora que o não ganhou, esse ou os próximos governos
covardemente dizer que a culpa da violência é do próprio povo que escolheu continuar vendendo armas. Devemos agora mais ainda
cobrar dos governos (municipais, estaduais e federal) medidas reais (mais uma vez: educação, cidadania e oportunidades) para revertermos essa situação
absurda em que vivemos.
Aliás, no mesmo O Globo, saiu
uma reportagem dizendo que já estão planejando criar mais referendos. Esses deputados só podem estar brincando. Como se não bastasse
não trabalharem o tanto que deveriam (principalmente considerando o salário que ganham) estão querendo
empurrar o trabalho deles
para nós. E nós é que pagamos a conta no final (lembre-se que um referendo desses não é barato).