Há algumas semanas (na verdade há um mês, três semanas e 3 dias), pediram minha opinião sobre
Gropius. Havia muito tempo que não ouvia falar esse nome, desde os primeiros períodos da faculdade. Esse é mais um desses nomes cuja obra em si já é uma
aula de arquitetura. Ele nos trouxe a revolução. 'Tá certo isso é muito
papo também, mas a fundação da Bauhaus foi algo que ajudou a
mudar a história da arte (como a maioria dos movimentos modernistas do inicio do século passado - em alguns casos a mudança foi para pior, é preciso que se diga).
Walter Gropius nasceu em 1883, em Berlim e antes de ir servir na Primeira Guerra Mundial ele já era um experiente arquiteto. Mas eu vou me privar de dar a mesma aula de história da arte que os professores ministram nas faculdades. Até porque
não sou nenhum profundo
conhecedor de Gropius. Vou me limitar a dar minha humilde opinião sobre
o pouco que conheço da obra do rapaz.
Me agrada muito a
estética modernista como um todo. Jogos de planos, volumes, panos de vidro, tudo muito geométrico. Acho que funciona
va muito bem, na Alemanha até meados do século XX. Sou plenamente contra o provincianismo brasileiro de copiar tudo o que que vem de fora, prática muito comum no modernismo arquitetônico brasileiro e com ecos até hoje. Em nome da estética, abre-se mão da praticidade do edifício e do conforto de seus usuários. Oscar Niemeyer que me desculpe (quem sou eu pra falar de Oscar Niemeyer?), mas
não basta ser bonito para ser arquitetura. Arquitetura sem função nem conforto é escultura. E era justamente isso que pregava Gropius. A idéia da criação da Bauhaus - a união entre a Escola de Artes e Ofícios (Kunstgewerbeschule) e a Escola de Belas Artes (Bildende Kunst) - veio com a idéia de se formar artistas-artesãos, ou seja, juntar
a arte à técnica. O resultado é o que hoje chamamos de arquitetura.
Parece óbvio que Gropius não fez isso sozinho, e ele teve em quem se inspirar (nos mestres Frank Lloyd Wright e Le Corbusier, por exemplo). Ele apenas seguiu uma linha de raciocínio e de atuação muito comum na época. E para não dizer que só o elogiei, eu discordo de uma parte (fundamental) da sua filosofia (e da de todos os outros modernistas): o rompimento com o passado. Não há presente sem passado (e sem presente não há futuro). Uma parte fundamental da inteligência é a memória, abrir mão dela é abrir mão da plena capacidade de criação. Felizmente esse rompimento ficava só no discurso.
Achei um bom texto sobre Gropius no
Great Buildings Online, um ótimo texto sobre Gropius e Bauhaus no
Terra Educação e mais 130.000 outros no
Google. As imagens que coloquei aqui são do
Terra Educação e do
Archpedia (espero que não me processem por isso).