Em meus constantes passeios pela Internet, encontrei o blog
Pensamentos Simples. Li justo um post chamado
Star Wars. Nele, a autora destaca o seguinte diálogo do
Episódio III de Star Wars (esse que está no cinema), na cena em que Anakin Skywalker (já no
lado negro da força) enfrenta seu mestre Obi-Wan Kenobi:
AS - Se você não está comigo, você é meu inimigo!OWK - Somente um Sith seria tão radical.Ela faz um
paralelo entre a fala de Anakin e o discurso de
George W. Bush pós-11/setembro. Quando vi o filme (antes de achar o Pensamento Simples), na mesma hora achei que George Lucas considerava seu xará um sith.
***
Recentemente comprei os DVDs da
primeira trilogia de Star Wars (IV, V e VI). Algumas modificações sobre as versões originais e sobre as versões de 1997
passaram batidas. O barato mesmo é o DVD de
extras que vem junto. Apesar de ser todo feito de forma a endeusar George Lucas ('tá bom, 'tá bom, ele tem seus méritos...), os
documentários são muito legais. Mostram os
motivos pelos quais os filmes foram feitos e os
meios com que eles foram feitos. É sempre muito legal ver como foram as
gravações e a
produção de grandes filmes, principalmente de filmes revolucionários.
O mais legal, entretanto, foi ver a
diferença entre as temáticas - como direi? - filosóficas d
as duas trilogias. Logo no início do primeiro filme, Lucas faz questão de nos colocar o mais
alheios possível da história. Com a célebre introdução "Há muito tempo atrás, em uma galáxia muito, muito distante...", ele recusa qualquer relação entre Star Wars e a nossa realidade -
não é nosso futuro,
não é nem em nossa galáxia. (de quebra recusa também o rótulo de filme futurista) Apesar disso, há uma
estreita relação entre cada trilogia e a
época em que foram produzidas.
Na
década de 70, época da primeira trilogia, George Lucas era
jovem,
idealista e
americano. Naquela época, era
muito claro para os americanos
quem era o bem (capitalistas/EUA) e
quem era o mal (comunistas/URSS). Ele queria fazer uma espécie de
conto de fadas moderno com
heróis e vilões. Como naquela época também os heróis
não eram muito
politicamente corretos (rock stars, hippies, punks e outras espécies esquisitas), um dos heróis de seu conto (Han Solo), o que vai ficar com a princesa no final, não é nenhum exemplo de
moralidade.
Na segunda trilogia (episódios I, II e II - a partir de 1999),
não há um conceito muito
explícito de bem e mal. O
herói dessa trilogia é o
vilão supremo da outra. Os espectadores não sabem ao certo para quem torcer. É tudo muito
confuso, muito
político. E de repente, quando
o mal finalmente começa a
se definir no filme, o vilão me vem com essa: "Se você não está comigo, você é meu inimigo!". Está certo que isso é um
grande clichê, mas não dá para não lembrar
Bush, tentando angariar aliados,
dizendo para o mundo ou - por que não dizer? - para a
galáxia: "Se você não está comigo, você está contra mim!". Com isso, Lucas acaba trazendo para
a nossa realidade o questionamento sobre o que
realmente e o
bem e o
mal.
P.S.
Tenho que admitir que depois de assistir os episódios I, II e III e de rever os episódios IV, V e VI, eu fiquei com pena do Darth Vader. (obviamente sem nenhuma relação ou semelhança com Bush)