A grama não é tão verde assim... Acordamos por volta de 8 h, tomamos café da manhã e mais uma vez pegamos a
estrada. O destino desta vez era
Campos do Jordão. Campos do Jordão era o
real objetivo de todo o nosso tour. Pusemo-nos a subir, então, a
Serra da Mantiqueira. Com uma parada em um mirante no meio do caminho, interagimos com a
fauna local (mais especificamente com um quati) e vislumbramos a paisagem do alto da serra.
Logo na entrada da cidade, pudemos pegar
informações turísticas do local e um mapa indicando os principais pontos de visitação. A cidade é bonita, bem conservada. É um
outro padrão de cidade turística (diferente de Angra, Parati e Rio de Janeiro). O clima e o visual nos fazia nos sentir na
Europa (pelo menos na Europa dos filmes). Infelizmente era feriado e a cidade estava
lotada. A rua principal (Av. Dr. Januário Miraglia que vira Rua Emílio Ribas em certo ponto) estava
engarrafada do início ao fim, mas seguimos em frente até chegar ao centro da cidade. Eu não conheci a população local, o que vi foi
milhares de turistas se atropelando e andando de um lado para o outro.
Eu comecei a estranhar o lugar, quando estacionamos o carro
na rua. Ao perguntarmos o preço para estacionar ao guardador oficial da prefeitura (pelo menos ele estava de jaleco), ele nos respondeu: "Não se preocupa com isso não, senhor. É quanto o senhor
quiser dar. Não precisa pagar, não." Se é no Rio, a resposta seria: "Deixa 5 pau na minha mão e nada vai acontecer com seu carro, não, doutor." E isso em tom
ameaçador. Foi interessante ver que lá, além do flanelinha, os meninos de rua são muito mais
educados (ao pedir "um trocado") do que os cariocas. Até os cachorros de rua são melhores (parecem mais bem tratados). E os mendigos tem noções de gestão e
marketing:
Ao visitar a Igreja de Santa Rita (a da foto aí em cima), um mendigo (o da foto aí em cima) sentado à porta me pede uma esmola. Achei triste uma cidade tão bonita e aparentemente tão rica, manter mendigos jogados ao chão pedindo esmolas, mas não pude deixar de notar: Existe lugar melhor para pedir esmolas do que em uma igreja, aonde as pessoas vão normalmente em busca de perdão ou de uma melhor perspectiva para a humanidade? Bom, esse não era meu caso, eu era apenas um turista querendo ver a igreja de perto. Ao entrar, havia outro mendigo no interior, também pedindo esmolas. Ao notar que seus ganhos eram quase nulos, resolveu sair e estudar o que podia estar prejudicando sua estratégia. Ao encontrar, o outro mendigo na porta disse para ele: "Oh, Fulano! Eu ouvi que o Beltrano estava te procurando lá no Parque." Beltrano devia ser um cara importante, pois o Fulano rapidamente foi encontrá-lo. Com a concorrência eliminada, o mendigo de dentro da igreja voltou para seu posto.
Infelizmente, nem tudo era tão
evoluído lá. Os turistas não eram. Todos que vão a Campos do Jordão têm que subir o
teleférico. Acontece que o teleférico
não inspira a mínima
segurança. A trava de segurança das cadeiras são idênticas às de rodas gigantes de parques antigos. Mesmo assim, via-se vários pais subirem abraçados a seus filhos pequenos (inclusive bebês), correndo um grande risco de
deixá-los cair de uma altura de mais de 4 m e rolarem mais uns 70 m abaixo.
Ao fim da tarde fomos ao
Auditório, que na verdade é um parque. É assim chamado, porque nesse parque está o auditório municipal. O auditório em si, merece algumas considerações de ordem arquitetônica (acústica e lumínica) que serão dispensadas. O parque é muito bonito e tem uma
linda vista. De lá assistimos a um belo
pôr-do-Sol. Eu fiquei com medo de que alguém o aplaudisse (como fazem no Arpoador, no Rio), mas lá as pessoas são
mais normais. À noite, a
balada é boa, centenas de turistas curtem na rua mesmo. Muito legal, mas ao invés de entrarmos em uma das
várias boates da cidade, nos refugiamos do frio de 7ºC em um restaurante e comemos um ótimo
fundue. Depois voltamos a Taubaté para
dormir, a disposição não era para a
night.
***
No dia seguinte, o plano era saírmos cedo em direção ao Rio pela Dutra para podermos dar uma boa passada em
Aparecida do Norte e - quem sabe? - em mais algumas cidades no estado do Rio (Itatiaia e/ou Resende). Para não dizer que não fizemos turismo em Taubaté, tentamos visitar o Parque
Monteiro Lobato, e o
Sítio do Pica-Pau Amarelo, mas infelizmente eles ainda não estão prontos e só pudemos tirar fotos ao lado da
estátua em tamanho natural do escritor.
Chegando a Aparecida, a minha grande expectativa era ver de perto e por dentro a basílica. Não me gerou grande
emoção ver suas enormes proporções, pois
já a havia visto outras vezes, em outras viagens. Por dentro, senti uma certa
decepção. Não me deu a sensação
espiritual que eu esperava. Provavelmente por causa das centenas de turistas zanzando por todos os lados. Me pareceu tudo muito
confuso,
muita gente, missas simultâneas (sei lá se eram missas) nas diversas capelas da basílica. As impressões
arquitetônicas que tive na basílica escreverei (um dia, quem sabe) em outro post. Depois de muito andar, de subir ao
mirante (guiados por um ascensorista muito figura) e de visitar o
museu da basílica, fomos almoçar no
shopping da basílica (é construíram um shopping católico lá). Depois seguimos viagem.
A nossa disposição já estava se esgotando, assim como a minha de escrever e a sua de ler (se é que chegou até aqui). Só fizemos uma
rápida parada em Penedo (que fica no município de
Itatiaia), depois seguimos para o Rio. Ao sair da Dutra em Seropédica para pegar a BR 465, voltamos à
realidade fluminense de buracos, falta de sinalização, etc.
A viagem foi interessante, divertida e curiosa. Voltei um pouco triste em saber que todas as cidades que visitei pareciam
melhores de se viver do que o
Rio de Janeiro. Eram todas mais bem
cuidadas, com um povo mais
educado e com governantes aparentemente mais
preocupados com o bem-estar da população e com a
imagem do local, principalmente no estado de São Paulo. Atribuí isso ao fato de só ter visitado cidades
pequenas, que embora tenham menor arrecadação, são mais fáceis de se administrar. Elas não tem os problemas de
cidade grande que o Rio tem. É... minha decepção e indignação veio quando três dias depois tive que visitar
São Paulo, a maior
metrópole do Brasil.