Acabo de voltar do
cinema. Fui ao
Odeon assistir "
A queda - As últimas horas de Hitler" (Der Untergang) uma produção ìtalo-
alemã do ano passado que só chegou ao Brasil nesse ano via
Europa Filmes. Esse filme, dirigido por
Oliver Hirschbiegel, não deixa nada a desejar às grandes produções de Hollywood. A produção é
ótima, a fotografia, o ritmo, as atuações e - por que não dizer? - as explosões são ótimas. A platéia (eu pelo menos) se sente como se estivesse junto com
Hitler e os seus no bunker em que se protegeu no fim da
Segunda Guerra Mundial.
O que quero destacar aqui, entretanto, não é a parte técnica, mas justamente a parte mais forte e interessante do filme: a
história (ou deveria eu escrever a
História). Ao longo da
História, por motivos óbvios, os fatos são sempre contados pelo lado
vitorioso. Atualmente, temos de algum modo a oportunidade de ver o lado dos derrotados. É o que acontece em "A queda". Parece que a crítica
européia não gostou de terem "
humanizado o maior monstro da História". O que era Hitler, senão
humano? Seres humanos podem ser
bons,
solidários,
et cetera,
et cetera. Mas é inerente à natureza humana também o
orgulho, a
auto-preservação,
et cetera,
et cetera. Seres humanos têm
ideologias e costumam
defendê-las de várias formas (fazendo bem ou fazendo mal aos seus semelhantes). Se eles queriam dizer que "humanizar" é "dizer que tem
sentimentos", não concordo muito com a crítica. O filme apenas mostra a História de um
outro ponto de vista e, inclusive, procura ser imparcial. Por que diabos Hitler não teria sentimentos?
Outro ponto importante é o fato de deixarem claro que Hitler não é o
único vilão da história. Além dele, há todo um
exército que por
fidelidade ou medo o apoiou. E há ainda um outro coadjuvante: o
povo alemão.
Quem faz o líder são seus seguidores. É claro que os alemães se tornaram
vítimas também, mas eles o apoiaram
cegamente em nome da afirmação da raça ariana alemã contra
ameaças estrangeiras. Admitindo-se como
melhores que os outros. Aliás, essa
atitude não lhe parece muito
parecida com a de um certo povo da América do Norte? Um povo que apóia um líder (que pode ser qualquer um) para ser o
xerife do mundo. Deixa pra lá... Isso é outra história...
Enfim, eu
recomendo esse filme. Mesmo para quem prefere viver a
verdade imposta pelos mais fortes, é um belo passatempo e uma peça muito bem realizada. Estou ouvindo até agora as bombas
explodirem surdas sobre o bunker na
Berlim arrasada de 1945.