Sempre
acreditei que o desenvolvimento da
tecnologia favorece o crescimento da
liberdade individual do ser humano. Principalmente quando a tecnologia está voltada para a
informação e para
cultura. A tendência geral indica que cada vez mais a tecnologia estará
acessível a um número cada vez maior de pessoas. É certo que isso só acontecerá se o conhecimento puder ser
compartilhado entre as pessoas e, ao que tudo indica, a própria tecnologia se desenvolve de forma a permitir isso
automaticamente.
Infelizmente, a idéia de
propriedade desencadeada e fortalecida com a evolução do
capitalismo vai um pouco
de encontro a essa teoria. Atualmente, as pessoas querem se apropriar das
idéias (ponto essencial da tecnologia) que elas têm. Uma idéia só me pertence enquanto está dentro da
minha mente, depois que
sai, há muito pouco que possa fazer para protegê-la. É claro que quem tem a idéia deve ser
recompensado de alguma forma (e o sistema capitalista sempre mostrou que não recompensa de maneira
justa quem se esforça). Eu não estudo, trabalho e me esforço
de graça enquanto a maioria das pessoas ficam "coçando". Só não se pode
negligenciar o fato de que só é possível atualmente ter as idéias que se tem, porque
antes alguém teve outras idéias e
as compartilhou.
Parece justo que eu permita que outras pessoas usem minhas idéias para
gerar novas.
A tecnologia, entretanto, passa por cima de tudo isso e
continua evoluindo e induzindo as pessoas a compartilharem informações. Tome-se, por exemplo, a música. Há quase um século e meio, só se poderia ouvir a ótima música de
Tchaikovsky se se morasse na
Europa. Mais tarde, com advento do
gramofone e do
rádio sua música foi
mais longe, mais pessoas puderam conhecê-la e
estudá-la. Mais recentemente, a
fita cassete permitia cada pessoa ter uma
cópia da música de Tchaikovsky. Hoje em dia, baixa-se da
Internet em
mp3 e ouve-se com uma qualidade muito superior. Em menos de
5 minutos (com banda larga) a música que estava na Rússia viaja para o Brasil. As pessoas (em última análise,
empresas são pessoas) tentaram evitar, através de
legislação, "
direitos"
de cópia,
et cetera, mas ninguém foi capaz de
evitar que Tchaikovsky chegasse aos
meus ouvidos.
Outro grande exemplo,
você está protagonizando agora. Você só está lendo isso agora, porque você e eu
temos acesso a tecnologia de informação. E porque, com o conhecimento que adquiri através dessa
mesma tecnologia (eu não sou técnico em informática, nem webdesigner), pude desenvolver esse blog (quase sem nenhum custo) e passar
adiante os meus conhecimentos. Em outras palavras, a tecnologia trabalha em prol da
liberdade de conhecimento (tão ou mais importante quanto a liberdade de expressão), que nada mais é do que
comunicação.
Acontece que sempre tem
o outro lado da moeda (ou seria "outro lado do cartão de crédito?), mas isso é papo para outro dia, outro post.